A VERDADEIRA POESIA



Quantos poemas perdi por não ter
Um papel, um lápis na hora certa
Ou o lábio e o braço que aperta.
...
Quantos poemas perdi quando ia planejando
Quantos ganhei, quando perdi, chorando...

Eis a verdadeira poesia, a da nenhuma certeza, da nenhuma
conclusão.
Aqui mais e mais, e de novo, e sentado, e andando, e falando
em vão...
...
E mais viagens, e mais visitas, e mas reencontros
desencontrados
Ingenuidade à serviço de falsos, malícia à serviço de
honrados

Não parece existir igual retorno entre Karmas sórdidos e faustos.
Com retratos da memória que andam por ai exaustos,

Mais um vinho, e mais noites velhas de vida nova e paixões,
Em noites de abandono de retratos, recompensadas em
reflexões

No espelho dos atrasos, de pressas inúteis, de descasos por
vaidade
Vida sã para controlar a loucura e vida louca para recarregar sanidade.
....Eis agora a verdadeira poesia:
A do choro congelado, a dum vento com barbas brancas, ainda
jovem, mas atrasado.
Da fumaça cristalizada do fogo sepultado e dum coração de
chumbo forjado.

Da água que suja e do relógio que angustiado espera,
Da solidão e do bouquet ocultos no meio de muitos abraços.
Sim, a flor apodrecida é de todas a mais sincera!!

Dum sábio vestido como idiota numa praça andando,
Dando conselhos a delinqüentes que estão lhe desprezando.

Donzelas que não possuem mais espelhos
E seus passos estão sem bússola e a cabeça sem cabelos.

Dos homens que agora são redundantes, cópias de cópias
E já não podem optar pressionados por outras cópias.

Dos livros que numa UTI de poucas visitas estão internados
No eclipse final do surgimento dos grandes poetas e
iluminados.

Do valor que não é mais concreto, mas abstrato, e da certeza
vã.
E da ciência como novo traje no teatro de satã,

Onde Deus parece mudo para os seus “surdos” atores patetas.
Do dinheiro que virou um deus e do Amor vendido à muitas
moedas.

Dos velhos inconformados que querem ser jovens atletas
E dos jovens que se sentem velhos se tornando poetas,

Últimos poetas débeis e sem forma como o desta escrita.
Da esperança que é uma velhinha charmosa, casta e
entristecida

Que ficou esperando o vento de barbas brancas chegar para abraçá-la,
E quando a velhinha morre o vento de barbas vai procurá-la

E, pensando que um jovem era um velho poeta escritor,
Lhe procura dizendo: Viu Esperança ? está ela viva ou morta
senhor?

E o jovem lhe diz: “Realmente não sei, é uma pena!”
Deixando o vento de barbas brancas surpreso com a cena

Que diz: “-acertaste o enigma não falando nem sim, nem não...”
“...essa é a resposta correta.”, lhe dando realmente uma “pena”
na mão,

Assim o vento diz: agora está pronto para escrever A VERDADEIRA POESIA,
Para que os sonhadores acreditem que Esperança jamais morreria.

Quando esperando por mim que sou o Sonho, o seu motivador
E para que os que lerem, entendam e saibam de cor

Que só se espera aquilo que é desconhecido e não se tem
certeza.
E que a esperança é uma emoção poética por natureza.

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