VIOLEIRO NOTURNO

Ó madrugada que jaz em mim
Um poço de desejos da escuridão
Confabulam vaga-lumes no jardim
Enquanto eu afino o violão

Tuas estrelas tão briosas
Observam minha melodia
Do céu noturno tão bonito
Que escuta esta harmonia

Minha viola está bem antiga
Dos dedilhados, arranhões nela
Fazem lembrar de muita cantiga
Que cantei para cada donzela

As estrelas não caem mais
Hoje sei que nunca caíram
Daquele desejo que se faz
O meu os anjos não ouviram

O vento noturno meu som ausculta
Na turba luz da ruela imunda
E na calçada da casa oculta
Jaz minha silhueta vagabunda

Com a viola e as corujas à ruir
O sopro gélido da noite resfria
Tocava música para estrelas ouvir
Enquanto meu sono ainda surgia

O vento é morto, sussurrando
Sinto das memórias um torpor
Quantas melodias criei madrugando
Nesta melhor hora para compor

Qual lendário bardo em triste sina
Há anos eu sigo mesmo ritual
Na quinta rua, bem na esquina
Ouvidos sentem um noturno recital

A coruja vem pousar no meu muro
Gatos insones escutam a esperança
Com seis cordas baixo murmuro
Para não acordar minha vizinhança

Dedos esforçam o minueto soturno
Um som cristalino do menestrel
Qual cigano e violeiro noturno
Eu faço o meu papel

Eu toco incessante a serenata
Meus dedos esforçam com afã
Sozinho na noite no meio do nada
Sentado até 3 horas da manhã.

As vezes tenho vontades d’amanhecer
Trocar o sol pela lua
Dormir quando a estrela nascer
Pra acordar na noite nua

Só quando for noite despertar
E da noite no silêncio escuro
Os acordes das cordas acordar
Pra esquecer de mais um dia duro

Observando as estrelas consteladas
Também Mercúrio, Vênus, Saturno
Marte, a Sírius e lua emparelhadas
Eu sou o Violeiro Noturno.



Comentários

Anônimo disse…
Ei,moço!
Passando pra deixar um cheiro!
Por onde andas?

Postagens mais visitadas